Estar em contato com o público, com o ser humano é o que faz sentido para Méri Ribeiro. Ela,que é natural de Taió-SC, é a alma por trásdo Alfazemas Café, em Ibirama. O local, que traz em sua origem a inspiração dos campos floridos da planta alfazema, é destaque na região.
Méri é casada com Dan Ramon e mãe de dois meninos. Teve uma infância marcada pelo divórcio dos pais,seguido de uma situação financeira difícil, por isso começou a trabalhar cedo para se manter. “ - Meus pais se divorciaram quando eu tinha 11 anos, minha mãe foi trabalhar de diarista. Então eu fui trabalhar de babá morando com os patrões, meu irmão mais velho foi para uma escola agrícola e o mais novo ficou com a mãe e ia para a creche”, conta.Desde então, ela se dedicou a diferentes áreas profissionais.
Aos 18 anospassou no concurso para compor o primeiro pelotão de polícia feminina em Blumenau, permanecendo apenas um ano na corporação.Daí trabalhou em farmácias, enquanto estudava enfermagem. Como técnica em enfermagem, trabalhou por 10 anos em Saúde Pública, acompanhando famílias e cuidando da saúde dos moradores de Ibirama, período que pode realizar-se ao contribuir diretamente para a qualidade de vida das pessoas.
Conheceu seu marido, Dan Ramon, casaram-se e foram morar em Salvador, passando anos naquela cidade. Tendo em vista as enormes diferenças culturais e a distância dos amigos, eles voltaram para Santa Catarina. Por um longo tempo ela dedicou-se exclusivamente aos cuidados da família, pois o marido viajava com frequência, dificultando assunção de mais compromissos.
Numa tarde de feriado, durante um passeio de Dan com o filho e o cachorro da família, descobriram uma bela propriedade, abandonada, mas com potencial para se tornar um bom investimento. Méri sugeriu que ali fosse feito uma cafeteria, e assim poderiam permanecer juntos mais tempo. A ideia tornou-se sustentável, a casa adquirida, e o foco em cafeterias passou a integrar os objetivos do casal.
Com a ajuda de profissionais competentes, amigos e familiares, Méri e Dan abriram o Alfazemas, mas tiveram que enfrentar o desafio do início da pandemia da Covid-19. A liberação do comércio trouxe um número considerável de clientes, mas também o medo do contágio. “Deu um movimento, ficamos com medo até, porque deu um número considerável de pessoas. Os finais de semana foram liberados com restrição. Nós pensamos, vai ser legal, porque vai ser um público pequeno e nós vamos começar a aprender. Foi o oposto, lotou! Lotou e nós surpresos:como assim! e agora? Tem muita gente, mas a gente não tem bandejas suficientes para levar”, ressalta.
Apesar das dificuldades, eles conseguiram superar o desafio, apostando na qualidade, tanto dos produtos quanto do atendimento. “A qualidade no sabor, a qualidade no produto, mas principalmente a qualidade na recepção. A qualidade no atendimento, a qualidade em receber. Eu falo sempre que o ser humano está muito carente de elegância da alma. Aquela condição de se colocar no lugar do outro, de perceber que falta algo”, conta.
Para Méri, o Alfazemas é mais do que uma cafeteria, é um lugar que se preocupa em oferecer recepção calorosa e atender às necessidades específicas de cada pessoa. “- É perceber que uma pessoa idosa, se ela tem as limitações, ela não vai conseguir tomar um café muito quente. Então você tem que ter uma temperatura legal para essa pessoa. Se uma mãezinha chega lá com um bebê que está em fase de introdução de alimentação e que o açúcar pode não ser indicado, você tem que ter uma fruta para oferecer para essa mãe”, relata.
Antevendo o futuro, ela acredita que o Alfazemas será um café cheio de memórias afetivas, onde as pessoas poderão compartilhar momentos especiais com suas famílias. Espera que o Alfazemas seja um espaço acolhedor, onde as pessoas se sintam em casa e queiram voltar com seus filhos e netos para criar novas recordações. “ - Será aquele lugar que as pessoas irão porque têm memórias afetivas e vão querer levar os filhos ou os netos para contar que lá revelou o sexo do bebê, que lá o pai pediu a mãe em casamento, que lá começaram a namorar.”, enfatiza.
Com determinação e coragem, Méri e Dan estão construindo não apenas um negócio, mas um lugar onde as pessoas possam se sentir especiais e bem cuidadas, porque coisas boas acontecem ali.